Desafios online machucam crianças: atenção redobrada com o uso de celulares
Com o aumento dos desafios perigosos nas redes sociais, o uso de celulares por crianças exige mais cuidado do que nunca. Veja como identificar riscos, proteger seus filhos e usar a tecnologia com responsabilidade.
Os smartphones estão cada vez mais presentes na vida das crianças — seja para assistir vídeos, jogar, estudar ou conversar com os amigos. Mas junto com a praticidade e o entretenimento, também vêm riscos sérios que muitos pais ainda subestimam.
Um levantamento divulgado pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) revela um dado alarmante: 56 crianças morreram no último ano no Brasil por causa de desafios online. Sim, conteúdos perigosos e até mortais estão circulando nos celulares dos nossos filhos.
E a pergunta que muitos pais se fazem é: como isso acontece se meu filho “só usa o celular em casa”? A resposta pode estar na falta de acompanhamento e filtros de segurança nos dispositivos que essas crianças usam.
O que são desafios online e por que são perigosos?
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Os desafios online (ou “challenges”) são vídeos, correntes e tarefas que circulam nas redes sociais, principalmente no TikTok, Instagram e YouTube Shorts. Algumas propostas são inofensivas, mas muitas são extremamente perigosas e prejudiciais à saúde física e emocional dos jovens.
Entre os mais conhecidos e perigosos, estão:
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Desafio da Asfixia (Blackout Challenge): o participante tenta prender a respiração até desmaiar. Pode causar convulsões, coma e até morte;
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Desafio do Fogo: a pessoa ateia fogo no próprio corpo para filmar a “bravura”. Há diversos casos de queimaduras graves;
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Desafio do Desinfetante: estimula a ingestão de produtos de limpeza, algo que pode causar intoxicação severa;
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Baleia Azul: “jogo” que propõe tarefas cada vez mais perturbadoras, até chegar ao suicídio.
Esses conteúdos, muitas vezes, aparecem em vídeos curtos com músicas chamativas, efeitos visuais e linguagem sedutora — tornando-se um prato cheio para jovens curiosos e vulneráveis.
O papel dos celulares nessa realidade
O celular é uma ferramenta poderosa, mas sem o uso correto, pode se tornar um canal de exposição a riscos invisíveis. Afinal, a maioria desses desafios é compartilhada diretamente nos dispositivos móveis, com notificações, hashtags e algoritmos que impulsionam o conteúdo.
Além disso:
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Crianças e adolescentes passam mais de 5 horas por dia no celular, muitas vezes sem supervisão;
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O uso de fones de ouvido e navegação privada dificulta o controle dos pais sobre o que está sendo assistido;
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Muitos pais não instalam filtros, aplicativos de controle parental ou restrições por idade.
Ou seja, a criança pode estar no quarto com a porta fechada, e mesmo assim exposta a desafios perigosos — tudo com apenas alguns toques na tela.
Como proteger seu filho sem proibi-lo de usar o celular
Proibir o uso do celular hoje em dia é praticamente inviável, até porque ele é usado na escola, para pesquisa e comunicação. Mas é possível sim usar a tecnologia de forma segura e consciente, com algumas ações simples e eficazes:
Dicas para um uso mais seguro:
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Configure o controle parental nativo do Android ou iOS, ou instale apps como Google Family Link ou Qustodio;
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Defina limites de tempo de tela e bloqueie o acesso a conteúdos inadequados;
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Converse com seu filho sobre os perigos reais da internet, de forma clara, mas sem terrorismo;
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Crie um ambiente de confiança, para que ele sinta liberdade de contar quando ver algo estranho ou perturbador;
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Acompanhe o que ele consome, inclusive os perfis e canais que segue nas redes sociais;
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Evite celulares com acesso irrestrito à internet em idade muito precoce. A recomendação ideal é que o uso aconteça com supervisão até pelo menos os 13 anos.
Plataformas precisam agir também
O Ministério da Justiça já notificou diversas plataformas de vídeo e redes sociais, exigindo que elas removam rapidamente os conteúdos perigosos e façam adaptações nos algoritmos, que muitas vezes promovem desafios virais.
Apesar disso, enquanto as mudanças não são implementadas de forma eficaz, a responsabilidade maior ainda está nos pais e responsáveis, que devem se manter informados e atentos ao uso dos celulares pelos filhos.
Considerações finais
Os desafios online não são apenas “modinhas da internet”. Eles representam uma ameaça real à saúde e à vida de crianças e adolescentes, e o smartphone pode ser a porta de entrada para esse tipo de conteúdo — especialmente quando usado sem acompanhamento.
O celular em si não é o vilão. O problema está no uso sem limites, sem orientação e sem responsabilidade.
Portanto, se seu filho usa celular, não basta confiar que ele está “só vendo vídeo”. É fundamental acompanhar, orientar e educar. A tecnologia pode ser uma aliada na formação das crianças — mas, para isso, precisa ser usada com consciência.
O que acham dessa historia pessoal? Deixe sua opiniao sobre o uso de celulares pro crianças nos comentários!